Profa. Dra. Sheila Giardini Murta

 

Os interesses de pesquisa da Profa. Sheila Giardini Murta estão relacionados à área de promoção da saúde mental e prevenção de agravos e riscos à saúde mental. Seu trabalho centra-se no desenvolvimento e a avaliação de intervenções preventivas e promotoras de saúde para populações em diferentes transições desenvolvimentais, ao longo do ciclo de vida, e em contextos diversos. As intervenções estudadas utilizam estratégias diversas, como oficinas participativas, intervenções breves, grupos psicoeducativos, educação de pares, visitas domiciliares e intervenções personalizadas mediadas via internet. Suas pesquisas exploram diferentes fases do processo de design, avaliação e difusão de intervenções. Busca-se estreita interlocução com políticas públicas afins ao campo da saúde mental. Comumente, faz uso de métodos mistos e múltiplas teorias.

 

 

Formação acadêmica:

·      Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 1995

·      Especialização em Análise Política e Políticas Públicas, Universidade de Brasília, 2013

·      Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento, Universidade de Brasília, 1998

·      Doutorado em Psicologia Social e do Trabalho, Universidade de Brasília, 2005

·      Estágio de doutorado sanduíche, Queensland University of Technology, Austrália, 2004

·      Pós-doutorado, Universidade Federal de São Carlos (2009), University of Maastricht, Holanda (2013-2014), Oxford Brookes University, Reino Unido (2019).

 

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3872050473238370

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5515-5219

 

Afiliações institucionais:

·      Presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Prevenção e Promoção da Saúde – BRAPEP (Gestão 2019-2020) (http://brapep.org.br/)

·      Membro do Grupo de Trabalho Relações Interpessoais e Competência Social da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP)

 

Grupo de pesquisa:

·      Coordena o Grupo de Estudos em Prevenção e Promoção da Saúde (GEPPSVida), UnB (http://www.geppsvida.com.br/)

 

Projeto de extensão:

·      Integra o Estágio Interprofissional para promoção da saúde e prevenção à violência sexual em escolas e comunidades, UnB, desde 2017.

o   Trata-se de um projeto que integra docentes e estudantes de graduação e, eventualmente, pós-graduação das áreas de Saúde Coletiva, Enfermagem, Psicologia, Serviço Social, Farmácia, Medicina e Bioética. O projeto tem por objetivo desenvolver habilidades e competências nas ações de educação e promoção da saúde, com ênfase na promoção da cultura da paz e prevenção da violência, e oportunizar a prática cotidiana da gestão e do trabalho interprofissional e intersetorial entre saúde, educação e rede social.

 

Pesquisas em andamento:

1.     Coconstrução e avaliação de viabilidade de uma intervenção familiar para prevenção do abuso de drogas

·    Os adolescentes brasileiros são cotidianamente expostos a fatores de risco à saúde relativos ao ambiente familiar que, em conjunto com outros fatores, aumentam o risco de uso problemático de álcool e outras drogas. Estudos com intervenções preventivas para adolescentes no Brasil são centrados, em sua maioria, no âmbito escolar e menos frequentes são as intervenções preventivas focadas no fortalecimento de fatores protetivos familiares. O presente projeto pretende suprir esta lacuna, ao propor o desenvolvimento sistemático de uma intervenção culturalmente customizada para prevenção ao abuso de drogas em adolescentes e fortalecimento de fatores protetivos familiares, destinada a famílias em situação de vulnerabilidade. Este projeto compreende três estudos e almeja (a) examinar  necessidades para subsidiar o desenvolvimento de uma intervenção para prevenção ao abuso de drogas em adolescentes e fortalecimento de fatores protetivos familiares em famílias em desvantagem econômica (Estudo 1), (b) construir a intervenção propriamente dita  e descrever sua aceitabilidade, com base no modelo de coconstrução de intervenções (Estudo 2) e  (c) investigar a viabilidade da intervenção desenvolvida como parte dos serviços de proteção social básica (Estudo 3). Delineamentos metodológicos qualitativos e participativos são propostos, com uso do modelo de coconstrução de intervenções e estudos de viabilidade. Espera-se que este projeto, além de resultar na criação de uma tecnologia psicossocial inovadora, atenda a metas de formação de recursos humanos, ensino, publicações e internacionalização.

             A Profa. Dra. Sheila Giardini Murta é a coordenadora do projeto.

 

 

2.    Avaliação de necessidades, usabilidade e eficácia de uma intervenção personalizada mediada por internet para prevenção à violência no namoro

·   Namoros violentos são fatores de risco para o estresse pós-traumático, depressão, abuso de substâncias, violência conjugal e transmissão intergeracional da violência. Deste modo, medidas preventivas são necessárias. Este projeto tem por meta principal desenvolver e avaliar uma intervenção personalizada mediada pela internet para a prevenção à vitimização por violência no namoro entre adolescentes. A intervenção adotará o Modelo Integrado de Mudança de De Vries e colaboradores, que preconiza mudanças em conhecimento, atitudes, influência social, autoeficácia, planos de ação e habilidades como meios para se promover comportamentos de saúde. Serão conduzidos dois estudos: no Estudo 1, serão avaliados os determinantes psicossociais da violência no namoro. Este será um estudo de avaliação de necessidades que irá subsidiar o desenvolvimento da intervenção, na etapa posterior. Será transversal e fará uso de grupos focais e entrevistas. Serão conduzidos oito grupos focais com adolescentes e jovens universitários recrutados independente de sua experiência de violência no namoro e, aproximadamente, dez entrevistas com participantes vítimas e perpetradores de violência no namoro.  Análises temática dedutiva será usada na análise dos dados. No Estudo 2, serão feitas avaliações de usabilidade e eficácia da intervenção.  A intervenção será oferecida a uma amostra de 1800 jovens que estejam namorando e tenham história de exposição a práticas parentais violentas e testemunho à violência interparental. Consistirá em três sessões online, com intervalo de 24 horas entre elas, quando os participantes responderão a questionários e, com base em suas respostas, receberão feedbacks e orientações personalizadas. Será usado o software Tailor Builder para se proceder à randomização dos participantes e customização das orientações para cada um deles. O conteúdo da intervenção será centrado no conhecimento acerca da violência no namoro, atitudes de não aceitação à violência no namoro, percepção de modelos de relação amorosa não violentos, autoeficácia e planos de ação para não submeter-se à violência, não praticá-la e adotar habilidades de resolução de problemas interpessoais em conflitos no namoro. Um delineamento experimental será usado, com grupo intervenção (N = 900) e grupo controle (N= 900), e avaliação de follow-up aos 3, 6 e 12 meses após a intervenção. Nestas ocasiões, serão avaliados efeitos sobre atitudes acerca da violência no namoro, habilidades de manejo de conflitos e vitimização por violência no namoro, em suas manifestações física, sexual e psicológica. Os dados serão analisados por meio de estatística descritiva e análise de variância multivariada (MANOVA).

A Profa. Dra. Sheila Giardini Murta é a coordenadora do projeto.

 

3.     Protagonismo juvenil para o desenvolvimento sustentável na saúde mental

·    Para alcançar o objetivo de desenvolvimento sustentável (ODS)  de “promoção de bem-estar para todos”, nós iremos engajar adolescentes no design de estratégias inovadoras de promoção da saúde e políticas de saúde. Trabalhando em estreita colaboração com um comitê consultivo de jovens no Brasil / Distrito Federal, este projeto tem um duplo objetivo: (1) conduzir um mapeamento preliminar da compreensão e aspirações de adolescentes relativas à agência no contexto da promoção da saúde mental e (2) desenvolver e testar uma ferramenta digital (um chatbot de contação de estórias) voltado para a avaliação e fortalecimento do senso de agência de adolescentes para a promoção de bem-estar. Esperamos que este projeto avance nossa compreensão da agência de adolescentes na saúde mental e, eventualmente, contribua para o alcance de um futuro saudável e sustentável para a juventude brasileira.

A Profa. Dra. Sheila Giardini Murta compartilha a coordenação deste projeto com a Profa. Ilina Singh (Universidade de Oxford, Reino Unido).

 

 

4.     Guardiões: construindo um programa de prevenção do suicídio na universidade

·    O suicídio entre jovens é um grave problema de saúde pública, sendo a segunda causa de mortalidade entre jovens de 15 a 29 anos no país. No entanto a pesquisa nesse campo de prevenção é incipiente no Brasil, indicando a necessidade de desenvolvimento de programas de prevenção embasadas em evidências no contexto nacional. Em estudantes universitários, a ideação suicida deve ser compreendida considerando-se o momento de vida destes sujeitos, marcado por questões de desenvolvimento, pedagógicas e sociais. A literatura aponta que os programas de prevenção do suicídio implementados em estabelecimentos de ensino utilizam uma ou mais das seguintes estratégias: psicoeducação, gatekeepers e triagem. Estudos não encontraram experiências consistentes de prevenção ao suicídio de jovens universitários com estudos baseados em evidência no Brasil. Esta pesquisa tem como objetivo desenvolver um programa de prevenção ao suicídio voltado para os estudantes universitários de graduação da Universidade Federal do Tocantins (UFT), avaliando e os seus efeitos na conduta suicida e comportamentos de busca de ajuda. Planeja-se conduzir uma pesquisa do tipo pesquisa participativa baseada na comunidade, em três etapas: avaliação de necessidades, desenvolvimento da intervenção e avaliação de eficácia. Espera-se contribuir para a geração de ferramentas promotoras de saúde na universidade e para o avanço do estado da arte sobre intervenções para prevenção ao suicídio produzidas nacionalmente e sistematicamente avaliadas.

A Profa. Dra. Sheila Giardini Murta é orientadora da doutoranda que coordena essa pesquisa.

 

5.     Masculinidade e relações de namoro: viabilidade de intervenções para prevenção à violência

·    Visando enfrentar o problema da violência no namoro, diversos trabalhos que abordam a prevenção dessa forma de violência têm sido desenvolvidos nos últimos anos. Esse trabalho foca na questão da masculinidade e na participação dos homens, praticantes de formas mais graves de violência, ao mesmo tempo que demonstram menor adesão aos programas. O objetivo deste estudo é desenvolver um estudo de viabilidade de um programa de prevenção à violência masculina no namoro, visando apreender elementos que impactem a participação masculina e a sustentabilidade de tal programa. Como método é esperado a aplicação de questionários, entrevistas e técnicas de construção participativa (individuais e em grupo) com adolescentes e jovens adultos do sexo masculino, com pais e profissionais (professores, educadores, profissionais de saúde), avaliando fatores que impactam a adesão dos sujeitos e temas de relevância para eles. O resultado esperado é a criação de um conjunto de diretrizes sobre elementos que impactam a adesão masculina em programas de prevenção à violência no namoro, com possibilidade de generalização para outros programas de prevenção que encontram baixa adesão masculina.

             A Profa. Dra. Sheila Giardini Murta é orientadora do doutorando que coordena essa pesquisa.

 

 

6.     Empoderamento de mulheres negras: investigação de mecanismos e diretrizes para intervenções

·    Na sociedade brasileira, as mulheres negras se deparam cotidianamente com muitos fatores que contribuem para o desempoderamento, afetando condições de vida e de saúde. Isso posto, o objetivo deste projeto é identificar mecanismos e elaborar diretrizes para intervenções que objetivem favorecer o empoderamento de mulheres negras no âmbito da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Trata-se de um estudo qualitativo fundamentado na abordagem psicossocial, teorias sobre empoderamento e estudos das relações raciais. As principais questões que orientam a pesquisa são: quais são os mecanismos que favorecem o empoderamento das mulheres negras nos níveis micro, meso e macro? Quais elementos relativos à alcance, efetividade, adoção, implementação e manutenção devem orientar as intervenções para empoderamento de mulheres negras na PNAS, com base no framework RE-AIM? Quais diretrizes devem ser adotadas para planejar e implementar intervenções para promoção de empoderamento de mulheres negras na PNAS? A pesquisa está sendo desenvolvida por meio de três estudos conduzidos nos estados de Goiás, Pernambuco e Distrito Federal. Até o momento, participaram da pesquisa 22 mulheres, predominantemente negras, agrupadas em: a) especialistas nos estudos das relações raciais e integrantes de movimentos sociais; b) usuárias da política de assistência social; c) gestoras de equipamentos da assistência social; d) gestoras da PNAS no nível nacional. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas individuais. A análise de dados será feita por meio de análise temática. Acredita-se que o estudo trará relevante contribuição para o campo de intervenções e políticas públicas para promoção de empoderamento de mulheres negras.

             A Profa. Dra. Sheila Giardini Murta é orientadora da doutoranda que coordena essa pesquisa.

 

 

7.     Intervenções para a promoção de perdão: necessidades, processo e efeitos.

·    O perdão está associado à promoção e manutenção da saúde mental, pois sendo considerado como a capacidade de ultrapassar a mágoa, o ressentimento ou a vingança dirigida a um ofensor, atua diretamente no processo interno de regulação de emoções, visando reduzir ou eliminar essas emoções negativas e os desejos de vingança. A literatura especializada na área indica, no cenário nacional, uma escassez de intervenções para promoção de perdão em contextos de promoção da saúde e prevenção, sistematicamente desenvolvidas. Assim sendo, o presente projeto tem como objetivo preencher essa lacuna ao propor o desenvolvimento e avaliação de uma intervenção para promoção do perdão no contexto de promoção da saúde e prevenção. Realizou-se uma revisão de escopo sobre os achados de revisões sistemáticas e metanálises no que se refere à eficácia deste tipo de intervenção. Os resultados dos estudos lançam luz sobre os preditores de eficácia de intervenções para promoção do perdão, sugerindo que os melhores resultados estão associados a intervenções que tiveram como base os modelos teóricos de Enright e REACH, àquelas dirigidas coma ofensas mais severas e específicas, entregues individualmente ou em grupos homogêneos e em ao menos 6 encontros. Também foram realizadas entrevistas com profissionais de saúde e especialistas da área, cujo resultados sugerem que intervenções dessa natureza são vistas como socialmente válidas e que podem ser consideradas viáveis, efetivas e sustentáveis se apresentarem caraterísticas como: (a) equipe de facilitadores capacitada, (b) planejamento feito em equipe multidisciplinar, (c) objetivos alinhados aos valores da organização, (d) procedimentos teoricamente embasados e (e) mecanismos múltiplos de avaliação. Os estudos posteriores, que complementam este projeto pretendem ainda conhecer qual é o percurso metodológico para o desenvolvimento sistemático de uma intervenção para promoção de perdão baseada em evidências empíricas no contexto de promoção da saúde e prevenção e quais as evidencias de aceitabilidade e eficácia esta intervenção apresenta. Espera-se contribuir para a produção de conhecimento na área, fomentar novos estudos sobre o tema e ampliar os serviços de prevenção e promoção da saúde mental, com a oferta de intervenções baseadas em evidências.

             A Profa. Dra. Sheila Giardini Murta é orientadora do doutorando que coordena essa pesquisa.

 

8.     Sobre amar e socioeducação: um estudo descritivo com as adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação

·    A pesquisa tem por objetivos (a) analisar a produção científica que trata das implicações do namoro sobre o cometimento de atos infracionais e cumprimento de medida socioeducativa; (b) compreender como as relações amorosas se configuram em risco para o envolvimento em atos infracionais das adolescentes; e (c) ompreender como se manifesta a violência em relacionamentos amorosos de adolescentes do sexo feminino no contexto de Internação Socioeducativa.  A pesquisa adotará o modelo bioecológico como teoria de base e a inserção ecológica como método. Espera-se gerar subsídios que orientem estratégias preventivas e qualifiquem políticas públicas para adolescentes e jovens.

  A Profa. Dra. Sheila Giardini Murta é orientadora do mestrando que coordena essa pesquisa.

 

9.     A sustentabilidade do Programa Famílias Fortes no Brasil

·    O Programa Famílias Fortes (PFF) é uma versão adaptada do Strengthening Families Program (SFP 10-14), uma intervenção focada na família e criada internacionalmente para prevenção do abuso de drogas e comportamentos de risco na adolescência. Esta intervenção foi adotada em 2013 pelo Ministério da Saúde e implementada em diversos estados brasileiros entre os anos de 2013 e 2017. O público-alvo compreendeu famílias de contextos vulneráveis acessadas por meio do Centros de Referência em Assistência Social e outros serviços públicos afins. Retirados os recursos financeiros e humanos que apoiavam a sua implementação, indaga-se o que restou nos municípios da experiência de implementação do PFF e o que favoreceu os desfechos de presença ou ausência de sustentabilidade. Esta pesquisa tem por objetivos identificar condições facilitadoras e dificultadoras da sustentabilidade do Programa Famílias Fortes no Brasil. Questionários serão usados com gestores locais envolvidos na implementação do PFF. Os achados deste estudo poderão orientar o design, a implementação e a difusão de outros programas preventivos que possam compor o leque de instrumentos de políticas públicas para famílias em contextos de recursos escassos.

  A Profa. Dra. Sheila Giardini Murta é orientadora da mestranda que coordena essa pesquisa.